11 abril, 2006

ictiómetro

sempre fui bem tratada. nunca encontrei um mestre, um pescador, que não me tratasse bem. podem ter existido alguns que resolvem "brincar" um pouco com a menina, a dona, a senhora doutora, como um nos açores que dizia que gostava de colocar uma ventoinha gigante no mar para matar todas as "toninhas". muito pelo contrário, sou muitas vezes muito bem recebida. uns até me preparam o beliche para eu poder descansar ou, como um de Sesimbra, prefere descansar no chão a deixar-me descansar junto aos outros pescadores. afinal de contas sou uma menina. e muitos vêem em mim as suas filhas. pelo menos foi o que um mestre uma vez me disse, que olhava para mim e imaginava a sua filha no meu lugar. coitadinha, dizia ele :). assim, gostava de me dar o maior conforto possível.
desta maneira, sempre me facilitaram o trabalho, responderam a todas as perguntas, forneceram-me dados, ajudaram-me, etc. de certa forma, quando estou lá, quebro-lhes um pouco a rotina. e isso agrada-lhes.
no entanto, é curioso ver as suas reacções quando "saco" do ictiómetro (régua para medir peixe). ficam sempre muito atentos ao meu trabalho e esperam que eu diga qualquer coisa. sempre à espera que eu diga se "tem medida" ou não. afinal ainda existe algum receio.
ps - a fotografia foi tirada pela minha irmã numa das várias viagens em que ela me acompanhou. acho que ela gostou da experiência, mas não para repetir muitas vezes ;)

1 comentário:

Anónimo disse...

Do que mais me custa qdo embarco é qdo eles, que têm uma vida tão dura, se sacrificam mais um bocadinho por nossa causa.Na maioria dos casos fazem-no de bom grado e quando estou perdidamente enjoada agradeço do fundo do coração. :) Eles são uns amores. As réguas ás vezes tb lhes dão jeito e gostam de pôr à prova os nossos conhecimentos de cada vez que um bicho um pouco mais estranho/raro aparece.

Susana Barbosa