18 agosto, 2005

Cuba

Ah, há tanto para dizer que nem sei por onde começar!

Começarei por dizer que o balanço é, sem dúvida nenhuma, POSITIVO. E que não sei explicar as coisas muito bem.

Para mim, existem duas maneiras de ver Cuba. O lado político e o lado humano (e muita gente vai dizer que não é possível separar um do outro).

Adorei Cuba porque é uma ilha muito bonita: é verdejante, tem cascatas no meio da floresta lindíssimas e super refrescantes (os cubanos diriam mesmo muito frias), tem umas praias maravilhosas com areia branca e água de um azul inacreditável, tudo que seja semente cresce (e de que maneira! Vi uma planta igual à que tenho na sala, que para mim é enorme, cerca de 50 vezes maior!ao principio nem a reconheci), a flora é exuberante, possui o pássaro mais pequeno do mundo, as tempestades tropicais são melhores que os programas da national geographic, as flores têm um cheiro maravilhoso, etc...

Adorei Cuba porque os cubanos: são um povo muito simpático, positivo, lutador, esperançoso, letrado, criativo, bonito que toca e canta muito bem, baila extraordinariamente (cá par mim todo o cubano tirou um curso profissional de salsa, rumba e mambo ;), que fala quatro línguas (no mínimo!! Pelo menos os que estão ligados ao turismo – e olhem que são muitos), que é bom profissional, que faz um artesanato em papier-machê fabuloso, que sabe bem o significado da palavra reutilizar ;), etc...

Adorei Cuba porque La Habana tem um encanto especial: é uma cidade enorme e bonita, a arquitectura fabulosa mas completamente degradada, o Malecón e os meninos que ali tomam banho durante o dia e os casais que ali vão namorar à noite, os cadillacs em óptimo estado ou completamente ferrugentos (os cubanos devem ser um dos melhores mecânicos do mundo), os coco-taxis perigosos mas eficazes, as fábricas de tabaco e o seu aroma, os museus de tudo e mais alguma coisa (até de baralhos de carta existia!), as senhoras que vigiam os museus, uma em cada sala e cada uma a pedir algo ou a vender bordados, “os taxis-humanos”, os diferentes bairros, a catedral do gelado (“La Coppelia”, onde só temos direito a um sabor a não ser que estejamos dispostos a esperar 2-3 horas numa fila), a música que ecoa por todos os lados, a limonada do Hotel Inglaterra, o Capitólio, as pessoas a fazer desporto na rua, os cartazes políticos, a catedral, o mercadilho, o calor insuportável, o maravilhoso hotel onde ficámos que tinha para pequeno-almoço as melhores mangas que alguma vez comi na vida e umas panquecas super viciantes, a calle Cuba e Obispo, as ruas à noite com pouca iluminação e amarela, o cheiro nauseabundo dos caixotes do lixo, as crianças a pedir caramel, a associação dos neuróticos anónimos que fica no mesmo edificio que a associação dos alcoólicos anónimos, o granma (único jornal nacional), os daiquiriss e mojitos, a cerveja Bucanero fuerte, o fantasma do Ernest no Hotel “Ambos los Mundos”, escrever o nosso nome nas paredes de “La Bodeguita del Medio”, o casal de idosos que vivem à frente do Hotel onde ficámos que ficaram nossos amigos pois todos os dias nos dizem bom dia, boa tarde, boa noite, etc, os nossos vizinhos que em vez de se esconderem dizem, com um grande sorriso, !Holla! e acenam , o suor que escorregava pelas pernas, a busca pela cidade de fio-dental, os bolos que as pessoas transportavam na mão, o fanatismo dos cubanos por gelado, a inexistência de escovas de dentes nos supermercados, a música, a música, a música....tudo isto e muito mais contribuiu para essa sensação.

Adorei Cuba porque Trinidad reporta-nos para a época colonial: o seu centro histórico muito bem conservado, o chão de pedra rude, as janelas com grades para se poder estar dentro de casa mas ao mesmo tempo na rua a ver quem passa, a igreja com os seus vitrais, a “Casa de la Trova” e os seus músicos, a senhora que me vendeu uns colares, a rapariga que fez 15 anos e que passeava pela praça central enquanto era fotografada, a tempestade tropical, o calor louco, as dezenas de crianças e mulheres atrás de nós, a toalha bordada à mão........aiiiii que saudades!

E vi muito mais coisas que me fascinaram mas se as fosse a contar todas.......

Mas Cuba é um país POBRE. Não passam FOME mas é muito POBRE. Não é LIVRE, e basta. E este é o lado político.

Adorei Cuba... mas pode ser tão triste como observar um pássaro numa gaiola.

© 2005 Penelope Illustration. All Rights Reserved.

2 comentários:

Floppy disse...

fogo, achas normal? só hoje (6a feira) é q consegui ver este post...

gostei mto da tua descrição! fiquei cheia de curiosidade de visitar... quero MESMO ver as fotos!!!

Anónimo disse...

Sim sim!! Eu também!!!